Diarréia - segundo a visão da Medicina Tradicional Chinesa

A definição de diarreia é um quadro anormal, no qual se verificam pelo menos três movimentos intestinais, de fezes inconsistentes ou aquosas, podendo ser um quadro agudo ou crônico, podendo levar a desequilíbrio hidreletrolítico, como a desidratação.
AS DIARRÉIAS
Para a Medicina Tradicional Chinesa, esta Patologia está associada à disfunções do Baço-Pâncreas, do Estômago, dos Intestinos Delgado e Grosso além do possível envolvimento do Fígado e do Rim.
Porém, sempre que um indivíduo desenvolve diarréia, é fato que o órgão mais afetado é o Baço-Pâncreas. São raras as diarréias que afetam somente os intestinos. Doenças freqüentemente associadas aos Intestinos na Medicina Ocidental, são frequentemente associadas ao Baço-Pâncreas na Medicina Chinesa.
1. Invasão de fatores patogênicos externos – FRIO, UMIDADE, CALOR:
– O simples fato de uma pessoa passar por mudança brusca de clima já pode desencadear a diarréia, por exemplo, sair de Brasília onde o clima é seco e ir à Ubatuba onde o clima é úmido, pode gerar uma indisposição intestinal, por invasão da própria umidade local.
-Além disso, a exposição ao frio, umidade, vento e a permanência por longo período com roupas úmidas (como biquínis, sungas, roupas suadas de atividade física), obstruem as funções de transformação e transporte do Baço-Pâncreas, Estômago e Intestinos.
É necessário saber que o Baço-Pâncreas possui a responsabilidade de remover a umidade do organismo. Quando existe uma invasão de vento-frio, umidade ou ainda somente o frio (que se junta facilmente à umidade), o Baço fica facilmente sobrecarregado, deixando então de remover a umidade do corpo. O excesso de umidade, pode então, ser transportado para o Estômago e para os Intestinos, fazendo com que as fezes fiquem excessivamente úmidas e mal formadas.
– Invasão de Calor – o calor e a umidade de algumas cidades e regiões pode também invadir o corpo, quando o indivíduo se encontra com uma energia de defesa baixa. O calor causa amolecimento das fezes que junto à umidade causará diarréia severa. As doenças de calor são caracterizadas por febre, queimação e no caso da diarréia, as fezes se tornam fétidas.
2. Alimentação irregular – Para a Medicina Chinesa, pode ser considerada alimentação irregular: ter muitas horas de pausa entre uma refeição e outra; comer alimentos de baixa qualidade; comer de forma inadequada, como com pressa, assistindo TV, em pé, etc.
– A má alimentação, consumo excessivo de frios, doces e gordurosos, assim como alimentos estragados ou por demais frios ou quentes obstruem as funções de transformação e transporte do Baço-Pâncreas. Neste caso, toda a umidade gerada no processo digestão, por ser densa, acaba sendo direcionada para baixo, invadindo estômago e intestinos, gerando diarréia.
3. Estresse emocional – preocupação e ansiedade excessivas debilitam o Baço-Pâncreas. Sentimentos ruins mantidos por longo período acabam estagnando o Qi dos órgãos, neste caso, mais especificamente o Baço-Pâncreas, que ao ter sua energia estagnada, começará a falhar em remover a umidade do corpo, gerando então, a diarréia.
A Raiva, que afeta o Fígado, também afeta Baço-Pâncreas; Justifica-se tal fato através da lei do Ciclo de Controle. Quando há um excesso no Fígado, facilmente o Baço entrará em deficiência, mais uma vez deixando a umidade no corpo, podendo gerar diarréia.
Com isso, vemos a importância de fazer as refeições em momentos prazerosos, banindo emoções e sentimentos de energia desqualificada.
4. Excesso de trabalho, de atividade física e sexual – todos esses excessos também depauperam o Baço-Pâncreas, e podem provocar diarréia.
Observações:
– umidade é o fator patogênico mais freqüente na diarréia
– toda doença crônica enfraquece o Baço-Pâncreas e pode propiciar diarréia (São exemplos de doenças crônicas: diabetes, fibromialgia, reumatismo, artrite, gordura no fígado, etc)
– a diarréia pode ser aguda (súbita: acompanhada de dor abdominal, neste caso dura poucos dias) ou crônica (quando o patogênico externo se aprofunda e se transforma em interno, podendo durar algumas semanas e até mesmo meses).
– Além da acupuntura, o tratamento fitoterápico é largamente recomendado nos eventos de diarréia aguda ou crônica, havendo grande variedade de ervas com propriedades gerais e específicas para os diferentes padrões e manifestações.
-Podemos ainda dividir as diarréias em crônicas ou agudas, por condições de excesso ou deficiência, como se segue:
A) Retenção de Umidade-frio (excesso):
Sintomas: diarréia aquosa, em casos severos com dor abdominal, borborigmo, sensação de opressão no tórax e de peso, inapetência, possível febre, aversão ao frio, obstrução nasal, cefaléia. Língua com saburra espessa, pegajosa, branca.
B) Invasão de Umidade-calor (excesso):
Sintomas: fezes fétidas e amareladas, dor abdominal, aceleração movimentos intestinais, ardência no ânus, sensação de calor, sede, urina escura e escassa. Língua com saburra espessa, pegajosa, amarela.
C) Retenção de alimentos (excesso):
Sintomas: fezes soltas com odor pútrido, dor abdominal que é aliviada por movimentos intestinais, má digestão, borborigmo, sensação de plenitude, eructação, regurgitação ácida, mau hálito, inapetência. Língua com saburra espessa.
D) Estagnação Qi do F (excesso):
Sintomas: diarréia que pode se alternar com obstipação, distensão abdominal, eructação, inapetência,depressão mental, melancolia, nervosismo, irritabilidade. Língua com as laterais ligeiramente avermelhadas ou sem alteração.
E) DEFICIÊNCIA do BP e E (deficiência):
Sintomas: fezes soltas que podem ser aquosas e com muco, aceleração movimentos intestinais, pouca inapetência, leve distensão abdominal, sensação de opressão tórax e fadiga, tez amarelada. Língua pálida com marcas dentais.
F) DEFICIÊNCIA de Yang do R (deficiência):
Sintomas: diarréia matinal, dor abdominal, borborigmo que cessa após movimentos intestinais, fraqueza nas costas e joelhos. Língua pálida com marcas dentais.
(Fonte: Fernanda Mara dos Santos)
Fatores de risco para diarreias
As gastroenterites apresentam grande gama de etiologias possíveis. No contexto das gastroenterites infecciosas, determinados comportamentos e/ou circunstâncias às quais os pacientes se expõem, bem como algumas comorbidades que apresentam, são considerados fatores de risco para a doença.
São eles: viagem recente (especialmente para países em desenvolvimento — áreas tropicais); alimentos ou circunstâncias alimentares incomuns (frutos do mar, especialmente crus; refeições em restaurantes ou lanchonetes); homossexualidade, atividade sexual remunerada, uso de drogas intravenosas (pessoas em risco de infecção por HIV e de desenvolvimento de SIDA); uso recente de antibióticos. Convém ressaltar também que diversos dados epidemiológicos contribuem para o raciocínio diagnóstico.
Tendo em vista a epidemiologia de cada caso, é possível identificar maior suspeição sobre determinados agentes etiológicos. As associações mais clássicas entre veículo de contaminação e patógeno estão dispostas no Quadro. (Moraes, 2004)
Abordagem diagnóstica
Na abordagem do paciente com quadro de diarreia aguda, a anamnese e o exame físico são fundamentais. Não só pela contribuição para a suspeição quanto a determinados agentes etiológicos, mas também na orientação das próximas medidas diagnósticas a serem instituídas. A solicitação de exames laboratoriais não é custo-efetiva; assim, a maioria dos pacientes não necessita dos mesmos. A presença de pelo menos um dos “sinais de alarme” expostos a seguir justifica a solicitação de exames laboratoriais:
-
Desidratação grave e/ou repercussões sistêmicas (taquicardia, hipotensão ortostática, redução da diurese, letargia).
-
Idade maior ou igual a 70 anos.
-
Diarreia por mais de três ou sete dias (apesar de adequadamente tratada).
-
Sangue/muco nas fezes.
-
Imunossupressão (por droga/HIV).
-
Dor abdominal em paciente com mais de 50 anos.
-
Temperatura axilar maior ou igual a 38,5°C.
-
Mais de seis a 10 evacuações/dia.
-
Diarreia do viajante (se cursar com disenteria).
-
Diarreias nosocomiais e/ou institucionais.
Abordagem terapêutica
Na abordagem terapêutica, a principal medida a ser instituída é a terapia de reidratação. Independentemente de sua etiologia e forma de apresentação clínica, as medidas de suporte são fundamentais para o manejo adequado da doença. De acordo com orientação da OMS, a terapia de reidratação deve ser por via oral, sempre que possível. (Moraes, 2004)
Abordagem diagnóstica
Na abordagem do paciente com quadro de diarreia aguda, a anamnese e o exame físico são fundamentais. Não só pela contribuição para a suspeição quanto a determinados agentes etiológicos, mas também na orientação das próximas medidas diagnósticas a serem instituídas. A solicitação de exames laboratoriais não é custo-efetiva; assim, a maioria dos pacientes não necessita dos mesmos. A presença de pelo menos um dos “sinais de alarme” expostos a seguir justifica a solicitação de exames laboratoriais:
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Desidratação grave e/ou repercussões sistêmicas (taquicardia, hipotensão ortostática, redução da diurese, letargia).
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Idade maior ou igual a 70 anos.
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Diarreia por mais de três ou sete dias (apesar de adequadamente tratada).
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Sangue/muco nas fezes.
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Imunossupressão (por droga/HIV).
-
Dor abdominal em paciente com mais de 50 anos.
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Temperatura axilar maior ou igual a 38,5°C.
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Mais de seis a 10 evacuações/dia.
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Diarreia do viajante (se cursar com disenteria).
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Diarreias nosocomiais e/ou institucionais.
Abordagem terapêutica
Na abordagem terapêutica, a principal medida a ser instituída é a terapia de reidratação. Independentemente de sua etiologia e forma de apresentação clínica, as medidas de suporte são fundamentais para o manejo adequado da doença. De acordo com orientação da OMS, a terapia de reidratação deve ser por via oral, sempre que possível. (Moraes, 2004)
Diferenciação
Diarreia aguda
-
Frio-umidade – Diarreia aquosa com dor abdominal e borborigmos, calafrios, que são aliviados com o calor moderado, sem sede, língua pálida, saburra branca, pulso profundo e lento.
-
Umidade-calor – Diarreia com fezes amarelas, quentes e de odor fétido, acompanhada de dor abdominal, sensação de ardor anal, urina escassa e amarela intensa, língua com saburra amarela e pegajosa, pulso rápido e escorregadio. Estes sintomas são as vezes acompanhados de febre e sede.
Diarreia crônica
-
Xu de yang do Baço – Fezes moles com resíduos de alimentos mal digeridos, distensão epigástrica e abdominal, anorexia, lassitude, língua com saburra pálida e fina, pulso filiforme e fraco.
-
Xu de yang do Rim – Leve dor abdominal na madrugada, borborigmos e diarreia uma vez ou várias vezes ao dia, frio abdominal e nas extremidades inferiores, saburra pálida e pulso profundo e fraco.
Tratamento
Os pontos shu e mu do Intestino Grosso são pontos principais para o tratamento. Para o tipo frio-umidade, é necessário aplicar a acupuntura com método de tonificação e dispersão simultaneamente e combinado com moxabustão (ou com moxabustão indireta com gengibre), para o tipo umidade-calor, usa-se acupuntura com o método dispersante. Em casos crônicos, acupuntura com o método tonificante combinado a moxabustão. A moxabustão pode ser o tratamento principal nos casos de xu de yang do Rim.
Exemplo de pontos
Tianshu (E 36), Dachangshu (B 25), Zusanli (E 36).
Frio-umidade – Zhongwan (Ren 12), Qihai (Ren 6).
Umidade-calor – Neiting (E 44), Yinlingquan (BP 9), Hegu (IG 4).
Xu de yang do Baço – Pishu (B 20), Zhangmen (F 13), Taibai (BP 3), Zhongwan (Ren 12).
Xu de yang do Rim – Shenshu (B 23), Mingmen (Du 4), Taixi (R 3), Guanyuan (Ren 4), Baihui(du 20).
Tianshu e Dachangshu, os pontos Mu e Shu do Intestino Grosso, são muito efetivos para regular a função de transporte do Intestino Grosso e controlar a diarreia. Zusanli é usado para fortalecer a função de transporte do Baço e Estomago. A aplicação de acupuntura e moxabustão no Zhongwan e Qihai servem para esquentar o Baço e o Estomago e dispersar o frio. Neiting, Yinlingquan e Hegu com o método dispersante podem eliminar a umidade-calor do Intestino Grosso.
A aplicação de acupuntura e moxabustão em Pishu, Zhangmen e Taibai, nos pontos Shu, Mu e Yuan do Baço, junto com Zhongwan, o ponto Mu do Estomago, ativam o yang do baço, promovem a função de transporte e conter a diarreia. Shenshu, Mingmen e Taixi podem esquentar e ativar o yang do Rim. A aplicação de moxabustão no Baihui pode elevar o qi que desceu do Baço, fortalecer o qi e conter a diarreia.
Nota – A diarreia na Medicina Tradicional Chinesa inclui diarreia por dispepsia, por enterite aguda e crônica, por enfermidades parasitarias intestinal, por enfermidade do pâncreas, do fígado e das vias biliares, por transtornos endócrinos, por transtornos do metabolismo e diarreia neurogênica. É um sinal e sintoma e sua causa deve ser tratada.
(Fonte: TIAGO ALMEIDA)
DICAS DE TRATAMENTO CASEIRO
Aumentar ingestão de água pura, soro caseiro e água de côco. Suco de maçã e de goiaba; limonada.
Chá de camomila, erva doce, aniz estrelado, com casca de romã e folhas de goiabeira.
Dieta leve: arroz integral quase sem óleo, canja ou purê de legumes, batata amassada com pouco sal e sem leite e sem margarina, mingau de maizena e frutas cozidas; torradas, bolachas de água e sal. Abacaxi, melão
Evitar: embutidos, molhos, frituras e oleosos como maionese. Feijões. Verduras, brócolis, repolho, couve-flor, cebola. Abacate, mamão, laranja, ameixa preta, uva passa, pêssego. Leite e derivados. Café. Refrigerantes. Bebidas alcoólicas
Aguardar atento à evolução pois, embora a grande maioria dos casos a evolução é benigna e a melhora seja espontânea, alguns casos podem exigir atenção médica, especialmente se ocorrer sinais de desidratação, como boca e pele secas, pouca urina, fraqueza e indisposição; febre; vomitos e evacuações muito fequentes; muco, pus ou sangue nas fezes; fezes escuras ou mal cheirosas. Diarreia é mais grave em crianças e idosos.
Na dúvida, sempre procure orientação de um profissional de saúde.
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