Sobre o TAO como Fundamento da Medicina Clássica Chinesa

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Vejamos artigo que propõe revisão e atualização sobre as referências relacionadas com os fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), para que possamos ter uma melhor compreensão sobre esta arte maravilhosa: Acupuntura.

Sobre o TAO como Fundamento da Medicina Clássica Chinesa

 Marcus Vinicius C. Carvalho

Tao é um dos primeiros e mais importantes termos do pensamento chinês antigo. Ele foi crucial para a reflexão inscrita no Dao de jing, ou, Lao zi e no Zhuang zi, que levam o nome de seus supostos escritores que originaram a tendência filosófica conhecida mais tarde, na dinastia Han (206 a.C.-220), como daoísta, dao jia. Ao mesmo tempo, dao foi também um termo chave no pensamento de Gong zi, Confúcio, em seu Lunyu, os Analectos – texto compilado por duas gerações sucessivas de discípulos durante setenta e cinco anos depois da morte de Confúcio, concluído por volta de 400 a.C.

A freqüência de uso desse termo, também por confucianos como Meng zi, o aponta como um elemento corrente no debate filosófico clássico instaurado na China dos Estados Combatentes entre os séculos V e III a.C. A tradução mais convencional do termo é caminho e pode ser usada no sentido específico de um caminho em que alguém viaja, por extensão de sentido, o caminho de fazer algo e o caminho pelo qual algo acontece.
Nos textos confucianos antigos, o dao estava associado a canais que, em seu curso, atuam como condutos que guiam as pessoas em suas ações. A idéia do caminho é estendida para abarcar tudo aquilo que segue seu curso natural. No Laozi e no Zhuangzi, o dao tinha por modelo não apenas um curso d´água, mas a água ela mesma, em todas as suas manifestações.
O caminho que o dao expressa flui em apenas um sentido, como um curso de água ele tem uma fonte e flui, terra abaixo, até encontrar o mar. Ele é apenas o curso que alguém segue naturalmente. O dao se refere ao curso do comportamento de quem segue aquilo que lhe é próprio, ziran, desenvolvendo sua virtude, de.
Ele também inclui a ordem que prevalecia no mundo quando todas as pessoas comportavam-se em harmonia com a natureza, representando um sistema de rios fluindo em acordo com seus próprios cursos, bem como o tempo – como a água ela mesma –, sem forma e invisível.
No pensamento chinês antigo, as idéias filosóficas enraizadas na metáfora da água e da vida das plantas formam uma complexa rede de significados interconectados. As plantas florescem e declinam em acordo com a estação e em reposta à água que elas recebem ou deixam de receber. Sua virtude, de, desenvolve seu potencial, cai, em padrões sazonais de geração, florescimento, reprodução e definhamento.
O dao e o qi, por exemplo, mantêm intrincadas relações conceituais. Traduzido usualmente por energia vital, o qi toma seu modelo no vapor d´água – seu ideograma não simplificado figurava o vapor exalado pelo cozimento dos grãos de arroz. O qi também pode solidificar-se como o gelo, fluir em canais, além de se dissipar como vapor, assemelhando-se à água em todos os seus estados.
No mundo físico, ele é a neblina que se transforma em chuva e é a água dos córregos, que nutre e dá vida à miríade de coisas vivas, wan wu, sendo sua transformação o marco das estações. Nos humanos, o qi se refere ao espírito vital, à respiração, às variadas mudanças e maneiras de apresentação das constituintes mentais, psíquicas, fisiológicas e anatômicas que compõem as pessoas. Em um nível abstrato, ele é um componente do dao, ligando as pessoas, como criaturas físicas, ao cosmos, relacionando a neblina e o espírito vital, o ambiente natural e o mundo dos homens.

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Todos os elementos que constituem a miríade de coisas vivas, wan wu, relacionam-se entre si e com outras manifestações e expressões diferenciadas do dao entre as inumeráveis transformações e mutações do qi. Os termos dessas relações foram estabelecidos em uma correlação binária que, primeiro, foi expressa em termos topográficos e da ordem natural, como os rios nos vales comparados às montanhas, ou, o comportamento dos animais hibernantes em ciclos sazonais. Tais atributos dialéticos foram estendidos para a sociedade, para o cosmos e para a vida, passando a ser definidos pelas rubricas yin e yang a partir do século III a. C.

Os anos finais do século terceiro marcaram a unificação imperial chinesa, primeiro sob o domínio da dinastia Qin (221-206 a.C.) e depois da dinastia Han, época da sistematização cultural, marcada pela organização burocrática com parâmetros confucionistas e pelo surgimento de dao jia, a escola daoísta. No campo da medicina nativa, surgiram os dois principais livros da tradição clássica, aceitos como fundamento de tudo aquilo que foi pensado e praticado posteriormente no âmbito das artes chinesas da vida: o Huang Di nei jing, Princípios de medicina interna do Imperador Amarelo, datado do século II a.C., e o Nan jing, Clássico das dificuldades, do século I a.C.

O Huang Di foi escrito em forma de diálogos entre o imperador lendário e Qibo, seu conselheiro nas artes curativas. A preocupação do imperador era como manter as pessoas “bem de saúde” e “firmes nas ações” mesmo depois dos cem anos, procurando as causas da degradação das condições da vida humana na “mudança de princípios espirituais” ou no “comportamento artificial do homem”.

Qibo revelou, por seu turno, a maneira dos sábios de conservar uma boa saúde, norteando seu comportamento do dia-a-dia de acordo com a natureza, destacando a compreensão do princípio da interação yin e yang, em conformidade com a arte da profecia inscrita no Yijing, Livro das mutações. Elucidou como o estudo e a prática das artes curativas chinesas levava à longevidade, com maturação espiritual, física e moral.

Ele expôs para o imperador a arte curativa da dietética, da fitoterapia, da meditação, dos exercícios corporais e respiratórios, e da acupuntura com suas técnicas associadas. O mestre daoísta desvendou os mistérios da preservação da essência, jing, e da manutenção da energia correta, zheng qi, frente às energias perversas, xie qi, das intempéries sazonais, definindo e fundamentando a medicina clássica chinesa.

“Quando alguém concentra internamente seu espírito e conserva uma mente em seu estado perfeito, como pode ocorrer qualquer doença”?

Fonte: Flor de Ameixeira

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TAO ou DAO - o fundamento da Sabedoria

Taoísmo é uma Escola de Pensamento Chinês fundada por Lao Tse na Dinastia Han. é baseada nos textos Tao Te Ching, no Imperador Amarelo e nos pensamentos de  Chuang Tse.
O TAO pode significar "O caminho da Natureza", ou "O grande caminho", o vazio que sustenta o funcionamento do Universo.
O Taoismo enfatiza a espontaneidade, a libertação das normas e regras sociais, o respeito às diferentes formas de ser. O Confucionismo, prega a regulamentação moral e social, como uma forma de ordenar a sociedade e a cultura.
Filosofia:
. Do Caminho surge Um, de cuja consciência por sua vez surge o conceito de Dois (Yin e Yang), dos quais o número Três está implicito (Céu,Terra, Humanidade), produzindo a totalidade das coisas que conhecemos, as dez mil coisas, através da Harmonia dos 5 movimentos (wuxing) Terra, Fogo, Água, Madeira e Ar.
. Aja de acordo com a natureza, com sutileza em lugar de força. É a arte do não agir. Exemplo: lutar contra a correnteza é inútil, atrasando apenas. É melhor se deixar guiar pela força da água, e tudo dará certo. Confiando na nossa natureza e não na nossa racionalidade, poderemos encontrar realização e alegria numa vida sem grandes lutas reais ou imaginárias. Viver aquilo que se acredita é melhor do que pregar para que os outros a vivam.
. Unidade: Todos e tudo são interdependentes, uma coisa só, representamos apenas um momento presente. Tudo e todos são reestruturados de acordo com as circunstâncias. Nós apenas somos.
. Dualismo: Yin e Yang, opostos e complementares. Embora opostos, um não existe sem o outro, o movimento é circular, Yin dentro do Yang, e Yang dentro do Yin. Extremo de Yin vira Yang, extremo do Yang vira Yin. Ex: Homem e mulher, dia e noite, sol e lua, luz e sombra, ativo e passivo, vale e montanha, movimento e quietude, branco e preto, etc. Nenhum dos dois é melhor que o outro, são apenas faces do todo. Um sem o outro não existe.

Fonte: A Ciência e o TAO

 
"Tao é caminho, equilíbrio, harmonia. Manifesta-se no interior, pulsa no exterior. Cada Ser encontra em Si o próprio TAO que é o TAO Universal, em si." (Tadasi Hirata)

NOTA: Tao é a transliteração mais conhecida nas línguas ocidentais do correspondente ideograma chinês, como definida pelo sistema Wade-Giles.

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